'' e a vida era mesmo assim: cair sete vezes & levantar oito. ''

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

; até ao ultimo fôlego


 Atravessava-se naquela rotina traiçoeira, na primeira parte da manhã, ainda nem a aurora era alta no céu. Ela cobria-se com o seu lençol de cetim rosa e ele sentava-se no chão frio, mas que rapidamente tornava-se agradável, ali a ver a lua. Pegava nas cartas que ela lhe mandara e ele lhe respondera. Vi todos os ‘‘amo-te’’, todas as frases perfeitas que tentavam resumidamente explicar o que sentiam um pelo outro. Eu girava cento e oitenta graus e hei-lha: ouvia a sua respiração serena, sentia ainda o seu perfume por entre o lençol, contemplava os seus bem-desenhados lábios. Dava-me vontade de lhe roubar um beijo, mas teria o dia seguinte para lhe dar; preferia sacrificar-me e continuar a ver o amor da minha vida, ali, frágil, mas com um ar tão alegre.
 Era nestes momentos que sentia o meu coração vivo, suspirava umas dez vezes em cada pestanejar dos olhos.
 O sol quente raiava-lhe pela madrugada no seu rosto como água fresca. Ela sorria e dava graças por mais um dia de vida. Saia às vezes da cama e, ainda deitado no chão, acordava, olhava para ela e sorria como se lesse os pensamentos da sua cabeça. Ela agachava depositando todo o corpo de ser divinal na força das suas pernas. Eu sentia-me logo naquele instante o seu perfume natural, o que sentira de noite na sua cama. De seguinte, os seus lábios carnudos e onde mergulhava todo o fluido do seu sabor embargavam numa aventura nunca dantes praticada com os meus lábios. Eram incontáveis as vezes que já nos tínhamos beijado, mas era sempre uma aventura nova e única.
 E era naquele cenário, já casados há alguns anos que se encerrava a narrativa sobre o seu romance, amaram-se para sempre, isso asseguro. Até ao último fôlego dela, que fora a última a partir, ela amara-o sempre, cada dia mais que o anterior.
Posso garantir portanto, que viveram felizes para sempre.



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