Tentei relacionar isso com alguma coisa que havia aprendido. Primeiro, pensei em rectas. Linhas rectas. Sim, se calhar era isso. Imaginei a tua e a minha e desprezei o resto existente. As nossas linhas que outrora se cruzaram e agora já não se podiam tocar mais. Isso, concorrentes. Pensei que até tive a felicidade de as nossas serem concorrentes e não paralelas, porque, pelo menos, já te tive. Pestanejei. Que coisa sem sentido estava na minha cabeça...
Pensei: foi desta que perdi a racionalidade. Como posso comparar a tua beleza a duas linhas contínuas no espaço? Rebolei de novo no edredão. Relembrei um momento recentemente passado. Estava a caminhar, normalmente, pela rua que admito já ter percorrido umas centenas de vezes, até mesmo para te ver, até que ouvi a nossa música. Chorei.
Formei ângulos rectos e comecei a chamar lentamente pelo seu nome. Tentei abrir os olhos e pensar que tudo não passara dum pesadelo, como os que eu tinha em criança e chamava pela mãe e ela me vinha ajudar. Depois sorri, ironicamente. Fui tão idiota a pensar que voltavas só chamando eu por ti.
Não vou relatar como eu me sinto, não vale a pena.
Não vou relatar como eu me sinto, não vale a pena.
Percorri, vagarosamente, o resto dos lençóis que ainda guardavam o teu doce perfume. Mais uma hora passara e, não tão incrivelmente como esperado, continuava a pensar em ti. Reparei, entretanto, que a chuva caía lá fora. Perguntei a mim mesmo e, provavelmente, a alguém que me conseguisse ouvir: onde estás tu?
Pensei em milhentas possibilidades das quais nenhuma enunciava que estavas junto a mim. Relembrei uma teoria que eu tinha que, constantemente, era mudada, assim como as leis da Física, quando descobrem um erro. A primeira tese que apresentei fora que uma existência sem ti era difícil. Reformulei passado algum tempo, afinal era fácil não te ter ao meu lado. Será? Foi por isso que arranjar outra argumentação: a existência sem ti não é existência, porque nada faz sentido.
Sorri, novamente, com sarcasmo. Às vezes, era uma fácil maneira de evitar o choro. Contudo, foi inevitável; ele veio seguido do sorriso. E a chuva caía e tu não estavas aqui, nem sei se estarás e nem se algum dia voltarás.

simplesmente adoro!
ResponderExcluirTens imenso jeito para escrever e eu identifico-me muito com este texto. Beijinho :)
obrigado :))
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