Passava várias vezes despercebido, outras até que nem era visível, embora ele fosse alto e corpulento, o que era difícil de imaginar. Escondia-se usando aquele dom que descobrira ainda novo, no tempo em que a sua avó trazia-lhe o lanche e brincava às escondidas com o primo. A partir daí, aprendera rapidamente a utilizar esse seu poder.
Apenas ouvia-se o seu choro e as suas lamurias a escorrer rosto abaixo, mas não se via. Ignoravam o som, porque sempre acreditavam apenas no que era visto e não no que invisível. Ele assim gostava, gostava de sofrer naquele espaço, invisível, sem que ninguém notasse que ele lá estava, que ele estava sempre naquele sítio. Deixava-se permanecer ali, esticado, sem que ninguém desse por ele, aguardar a sua hora de partir. Pessoalmente, nunca o vi, contudo sei que guardava na sua cara as marcas de uma história que não tinha um final nada feliz, talvez até incompleto, sem final. Embora no seu sorriso fosse notado aparentemente uma alegria contagiante, os seus olhos o condenavam dizendo que não era uma pessoa feliz.
Até um dia… Porque tudo muda, sempre, um dia. Um dia, ele recordava-o assim, um dia cinzento, monótono, assim como a sua actual vida invisível. Começou a apoderar-se dele a necessidade de ser se mostrar, uma súbita ansiedade de ser quem nunca foi. Tinha aguardado muito tempo para desaparecer, mas tinha sido em vão.
Viu alegria nas coisas simples da vida. Apenas pelo acordar do Sol, já agradecia aos Céus por aquela dádiva. Apenas com um sorriso de uma criança, era o homem mais feliz de sempre.
Porém, sempre que sentia saudades ou até tristeza, voltava a tornar-se invisível aos outros, até as lágrimas cessarem de cair e depois regressava à sua alegre vida com o habitual contagiante sorriso.
E se o homem invisível fores tu? Afinal, os super poderes existem!
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